sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

AUTO-AJUDA

Dentre tantas coisas que me aborrecem, os livros de auto-ajuda, com certeza, estão entre elas.

Partindo da idéia que estou “ouvindo” os conselhos do escritor [do livro de auto-ajuda], então, deixa de ser auto-ajuda e passa a ser uma espécie de – digamos –, consulta.

Como é que pode uma pessoa dizer como eu devo agir?? Alguém pode até defender utilizando do argumento que, os sentimentos (dor; amor; ódio; tristeza) são iguais em todas as pessoas. Porém, eu rebato dizendo que, cada ser, expressa esses sentimentos em maior ou menor intensidade. E é justamente isso que nos faz tão complexo, é a nossa “particularidade”.

Daí vem uma pessoa que não me conhece, não compreende a minha cultura, não acompanhou a minha formação, e diz que basta eu sorrir e dizer “obrigado”, que o mundo – misteriosamente – sorrirá de volta pra mim. Não, o mundo real e as pessoas reais que vivem nele, são um pouco mais complicados que isso.

Ele [escritor] pode até entender a mente humana partindo do pressuposto de um comportamento padrão, mas a mim, minha alma, minha essência, ele não tem como compreender, portanto, não deve me dizer o “modo correto” de agir.

Não estou dizendo que, esses livros não servem para algo, mas as pessoas é que ainda não entenderam que a felicidade não está na prateleira de uma livraria, aos montes e, na sua 25ª edição.

Enquanto lêem esses livros, aprendendo como se deve viver, elas esquecem de viver realmente e, só confirmam o quanto não conseguem se “auto-ajudar” procurando conselhos de um guru que, esse sim, soube se auto-ajudar, afinal, para isso os livros serviram, para enriquecê-los.

Mais uma vez, quero esclarecer que não falo isso em detrimento dos livros, pois sou defensor do pensamento que toda leitura tem sua importância. Basta que, você, saiba “filtrar” as informações que lhe serão necessárias. Isso sim, seria auto-ajuda. Ou seja, você, procurando nas suas experiências de vida o melhor modo de enfrentar a situação.

Se prender a esses livros, seria o mesmo que, se anestesiar para não sentir a dor, ao invés de tomar o medicamento que combateria a doença.

Mas no final das contas, o mais estranho é que, a medida que vejo meu texto desenvolvendo, deixo de “atacar” o livro de auto-ajuda e, adoto a postura de conselheiro, dizendo como as pessoas devem proceder diante desses livros.Talvez seja uma necessidade humana, dar pitaco na vida alheia.

3 comentários:

livia bluebird disse...

é tudo uma questão de aplicações.

não acho que ler livros (qualquer que seja) nos impeça de viver a vida real. é uma forma de viver..

acho tomar medicamento pra acabar uma dor a pior forma de tratamento. você acaba nem conhecendo a origem daquela dor, quando ao mínimo sinal de existência, taca-lhe uma capsula sobre.

como eu ia dizendo, penso ser uma questão de aplicação.

engraçado que por esses dias andava esboçando mentalmente um texto defendendo livros de auto-ajuda. e tinha por começo a seguinte frase: "passei a desentender a antipatia que sentem por livros de auto-ajuda..."

cheiro!

Daniela Ferron Carneiro disse...

Nunca fui muito fã de livros de auto-ajuda. Adoro ler, mas esse tipo de leitura é cansativo para mim, sempre fico procurando furos nos conselhos do autor, é uma mania minha, não sei exatamente o porquê...

De qualquer forma, acho que existem conselhos de ordem geral que podem ser aplicados pra todas as pessoas. Não se irritar por pouca coisa, procurar ter uma postura positiva perante à vida... E entendo esse frisson que muitas pessoas têm por esse tipo de livro - o mundo está tão rápido, por vezes nos sentimos tão sozinhos e desamparados que seria incrível ter uma fórmula pronta para se seguir, e assim viver com a intensidade e felicidade que desejamos.

Mas nenhum livro de auto-ajuda, por melhor que seja, pode nos mostrar o melhor jeito de viver. Afinal, e nesse ponto concordo com o Dan, cada pessoa é um universo dentro de si mesma, é diferente e única. E cabe apenas a própria pessoa descobrir como traçar seu caminho e viver de um jeito que a faça se sentir bem. E, infelizmente, acho que essa resposta não vem pronta em nenhum livro.

Rackel disse...

Isso tem cara de critica ao "Segredo"... sério mesmo, os argumentos são os mesmos q meus amigos utilizam pra criticar e filme/documentario.