quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

NO LUGAR CERTO

Cansei de te procurar nas músicas, filmes ou entre as pedras de gelo que ficam no fundo do copo, e bati em sua porta...

terça-feira, 27 de novembro de 2012

POBRE POETA

Como já dizia o poeta
E o que dizia era poesia
Sendo poesia,
Não dizia,
Declamava.
E quando declamava
Todos dormiam.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

CONFLITO

Para ler ouvindo "Nocturne Op. 9 nø 2" de Chopin:
http://www.youtube.com/watch?v=YGRO05WcNDk




- Você sempre estará bem guardado no meu coração. – e assim, ela desligou.

Ele permaneceu sentado olhando para o telefone. Pensou se aquele era o momento de apagar o contato dela da agenda. Depois “espanou” a ideia como quem afugenta um inseto. “Uma muriçoca”, ela diria.
De nada adiantaria, pois ele tinha aquele número impregnado nele assim como o perfume dela, o sorriso, o jeito que arrumava o cabelo e tantas outras coisas.
Quando finalmente conseguiu levantar só tinha em mente um único lugar para ir: um bar.
Nunca recorreu à bebida para “resolver” problemas, mas, tinha a certeza, que só a bebida acalmá-lo-ia.
Como a pessoa sensata que era, começou elencar todos os prós e contras daquela relação e chegou ao cruel resultado de um empate.
Tanto a amava, quanto a odiava. Tanto precisava dela, quanto queria viver só.
A dor, sua velha companheira, estava lá, fazendo-o remoer toda possibilidade de felicidade não vivida. Queixar-se de tudo que tentou e ela não permitiu. Arrepender-se de tudo o que ela quis e ele negou-lhe.
“Vou-me embora desta cidade!”, pensou num rompante como única possibilidade de fuga do sofrimento.
“De que adianta ir embora daqui, se carrego comigo meu coração!”, constatou derrotado pela certeza de um longo e doloroso sofrimento.
Lembrou mais uma vez de seu sorriso e perguntou-se se ela estaria sorrindo naquele momento... E foi quando teve a revelação: tudo o que mais queria, era a felicidade dela. Portanto, se ela – em algum lugar – estava sorrindo e feliz naquele instante, ele também deveria estar feliz.
Ergueu o copo, brindou à felicidade dela, tragou a bebida – que lhe pareceu insípida –, pagou a conta, levantou-se e saiu.
E sua dor, que nunca o deixou, o acompanhou pela rua já vazia...

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

VINTE ANOS DEPOIS...

Era o encontro de "Vinte Anos Depois" da turma de Administração de 92. Menos da metade da turma original estava ali.
Quatro amigos - inseparáveis, à época - estavam, durante todo o encontro, inseparáveis, conversando sobre tudo!

- Bem, depois da formatura… Trabalhei numa exportadora, casei, separei, casei, fui promovido, separei, fui demitido, fui contratado numa multi, casei e fui promovido.

Todos soltaram um "humm…" como se tivesse sido ensaiado.

- Eu… Entrei pra uma multi, viajei, viajei, viajei, casei, viajei, viajei e voltei pra presidir a multi aqui.
- Hmm… Abri minha empresa, casei, separei, casei, separei, casei, separei, casei, separei, casei com a terceira de novo e separei… Quase falido só de pagar pensão.

Todos riram.

- Depois da formatura… Continuei morando com meu pais. Moro até hoje. Sou sustentado por eles.

Silêncio.

- Vida louca, hein?! - um deles comenta.
- Ô! Agitada… - reponde ele.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

SONETO DO AMOR CABAL

Cheiro de suor, bebida e esperma
O quarto é pequeno e sufocante
Deitada na cama me espera
Minha mais sincera amante
Me recebe com ar de candura
Com força, beijo minha amada
Seu corpo, invado sem mesura
Gemendo, ela mexe a cada estocada
Seu sexo me deixa extasiado
Dentro dela, fujo de toda dor
Após o gozo, permaneço deitado
Sem cerimônia, ela cobra seu valor
Aponta para a porta ao lado
“’Cê precisa ir, tenho mais clientes, meu amor.”

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

GRANDE ADERBAL

E lá estava o Aderbal, bêbado, largado na calçada dela.

- Alice! – gritava com a típica voz de bebum.

Os vizinhos já estavam em suas janelas assistindo ao espetáculo.

- Alice! – continuava o insistente Aderbal.
- Para com essa zuada, papudim-véi! – gritou um que passava.
- Vai te aquietar, pudim de cana! – aproveitou o embalo, outro.

Mas Aderbal estava surdo à pilhéria dos outros. Só queria saber de Alice.
Ela o deixara há exatos quatro meses, justamente, devido a esse – digamos – problema de Aderbal com bebida. Não podia beber que começava a bagunça! E das grandes! Mas era um rapaz de bem. Seu mal era a maldita da bebida.
Para ela, ele era “águas passadas”. Por sinal, já recebia visitas de um jovem que, sendo advogado, tinha todo prestígio com a família da moça.

- Aliceeee...! – forçou até a voz sumir.

Dentro de casa todos pareciam terem se acostumado com aquela cena. Ela vinha se repetindo desde o término deles.
A família, por ter uma simpatia por Aderbal, nunca chamou a polícia – apesar de tudo, era um rapaz de bem –, preferiam esperar ele cansar e ir embora.
No entanto, coincidiu de, naquele dia, Alice receber a visita do jovem advogado. E o mesmo estava impaciente com aquela gritaria.

- Que absurdo! Isso é um despautério. – falava o jovem, de modo teatral.
- Calma. Ele é assim. Mas já, já, cansa e vai embora.
- É inadmissível algo como isso! Seu pai é um homem de idade. Não merece estar passando por isso. E nem você, pois é uma moça de família. – pensou em repreendê-la por ter namorado tal pessoa, mas desistiu. Não seria prudente tocar nesse assunto.

Alice corre até a janela e grita:

- Aderbal, não me faz mais vergonha. Vai embora!
- Volta pra mim, meu amor! – insistia o esperançoso pinguço.

Sem paciência, ela bate a janela e volta pra sala.
Aderbal continuava com suas lamúrias:

- Alice, eu sei que ‘cê ‘tá de paquera com um almofadinha. – esta última palavra, não foi compreendida por todos, pois a voz estava embargada pelo álcool e algo de um futuro pranto. - Mas eu te perdoo, porque te amo!
- Já chega! Não vou mais aturar nem mais um pio desse sacripanta! – sentenciou o advogado com ares de juiz.
- Por favor, não! Acho melhor você não se meter com ele. Ele ‘tá bastante alterado.
- Aquele?! Aquele ali nem fede, nem cheira. – gracejou. Mas gracejos não combinavam com ele. Tinha dentes perfeitos demais dentro de um sorriso muito certinho e, sem contar, uma voz muito empolada.
- E se você se machucar? – perguntou à guisa de dama que vê seu cavaleiro prestes a ir para um duelo.
- Não se preocupe, ficarei bem. Peço licença para tirar meu paletó. – outro gesto teatral.

A família toda tentou dissuadi-lo, mas o jovem parecia determinado a mostrar quem era o novo dono do coração de Alice.
Abriu a porta e viu o pobre Aderbal, de gatas, numa tentativa infrutífera de levantar-se.

- Vai-te embora, alcoólico desordeiro!
- Eu vou é quebrar a tua cara, macho. – revidou o oponente finalmente ficando de pé.

Aderbal investiu contra o advogado, mas o murro passou longe. Este, por sua vez, também empreendeu um soco, mas, para a sorte do pé-de-cana, estar cambaleando foi vantajoso.
Murro aqui, murro ali, e ninguém era atingido. Mais parecia uma dança. Estranha, diga-se de passagem.
Aderbal, um bêbado, desordeiro, bom rapaz e apaixonado!
Advogado, um almofadinha que ‘tava mais valente que um siri dentro da lata.
Cada qual a seu modo, querendo provar que era merecedor do amor de Alice.
Esta, por sua vez, pedia para o advogado desistir daquela peleja, pois Aderbal não valia a pena. Como ele mesmo dissera, “nem fede, nem cheira”. E também gritava para Aderbal ir embora.
E mesmo com tanta súplica, não a ouviam.
Finalmente, os dois se engalfinharam. Ninguém sabia quem era quem de tão enrolados que estavam. De repente, tombaram um pra cada lado.
Do lábio de Aderbal, corria um filete de sangue.
Da testa do advogado parecia que as comportas de uma represa tinham arrebentado.

- Ai, meu Deus, meu querido! – gritou Alice, e correu em socorro.

Sentindo o conforto e o calor daquele colo macio, Aderbal sussurrou:

- Alice, eu sabia que você ainda me ama!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

RAPAZ COMUM...

O sujeito tinha um rosto tão comum, mas tão comum, qu'ele se parecia muito com um Fulano que era a cara de outro Fulano!

quarta-feira, 4 de julho de 2012

UM NOME PARA CHAMAR DE MEU

- Moça, um momento, ‘cê escreveu seu nome errado.
- Onde?
- Aqui, ó. Colocou um... Como chama mesmo esse negocinho?
- Apóstrofo.
- Esse daí não era o que seguia Jesus?
- Não, esse [na verdade, “esseS”] era “apóstolo”. Esse daqui é “apóstrofo”.
- Ah, ‘tá. Bem, em todo caso, ‘cê colocou um a-pós-tro-fo no seu nome.
- Sim. E não ‘tá errado. Meu nome é assim mesmo.
- “L’aura”?!
- É.
- E como pronuncia?
- “Laura”.
- Do mesmo jeito como se não tivesse?
- É
- E por que tem, s’é a mesma coisa?!
- Coisa dos meus pais.
- Humm... Sabia que seu nome pode dizer muito de você, da sua personalidade?
- Acho meio difícil, já que não fui eu quem escolheu esse nome.
- Ah, mas ‘cê tem um segundo nome, “Maria”. Poderia usar esse, mas prefere o “L’aura”.
- ‘Tou habituada a ser chamada por esse nome desde sempre.
- Sim, mas e a adolescência? Foi a sua chance de se revoltar contra todos! Principalmente contra tudo que seus pais lhe deram.
- Moço, nunca vi motivo pra me revoltar contra meus pais. E eu gosto do meu nome do jeito qu’ele é.
- Viu? O seu nome diz muito da sua personalidade.
- O senhor poderia, por favor, me entregar o canhoto de comprovação de inscrição? ‘Tou apressada.
- Aqui ó.
- ‘Brigada!
- De nada e até mais... Maria!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

NÃO SERIA MAIS FÁCIL?

Puxou a cadeira pra ela sentar.

- Então, me fale mais um pouco sobre você.
- Bem, eu estudo Advocacia. Pretendo ser juíza.
- Ah, legal!! – interrompeu. - Eu estudo letras... Quero ser escritor!
- Não seria mais fácil escrever um livro?

sábado, 16 de junho de 2012

SONHAR, SONHAR...

Levantou-se de supetão da cama. Respiração pesada e suando muito.
A esposa acordou.

- Teve um pesadelo, amor?
- Aham.
- Relaxa, foi só um sonho. Deita. Vem dormir, vem. - disse tentando acalmá-lo.

Mas era justamente dormir o problema! Sabia que, se dormisse novamente, teria o mesmo sonho: Sonharia com aquela que sempre foi o grande amor da sua vida, lhe abandonando mais uma vez.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

AMOR DEMAIS

Roberto estava absorto em seus pensamentos quando viu Marco, em um bar, do outro lado da rua.
Resolveu ir ter com o amigo.

- Marco?
- Roberto?! Ô, rapaz, finalmente alguém pr’eu conversar! Senta aí, amigo.
- O que aconteceu?
- Nem te conto... ‘Tou completamente apaixonado... Pela Rosa.

Roberto parecia não saber o que deveria dizer, então, a primeira reação foi levantar a mão e pedir duas doses ao garçom.
Depois, sentenciou:

- É, rapaz, coisas do coração... – tentou dar alguma profundidade a essa frase.
- O pior é qu’eu penso nela todo instante!! E o nome dela parece um sino badalando na minha cabeça: “Bianca, Bianca, Bianca...”
- Ô, mas não era “Rosa”? – perguntou confuso.
- Quê?! ‘Tá louco, homem?! Bianca é a mulher da minha vida!
- Hum. – Roberto já não sabia o que dizer.
- Sei não, mas... Acredito que fomos feitos um para o outro!
- Hum.
- Quando eu vi a Natália a primeira vez.
- Mas. – interrompeu – E a Bianca?!
- ‘Cê ‘tá prestando atenção em alguma coisa qu’eu ‘tou dizendo?! ‘Tou falando de amor à primeira vista, meu caro! Ah, Natália! – suspirou.
- Hum. – Roberto se perguntava se aquela conversa ‘tava mesmo acontecendo.
O garçom ainda nem tinha trazido sua bebida e ele achava que já deveria parar.
- E você, já amou alguém de verdade, Roberto?
- Bem...

Mas Roberto foi interrompido pelo garçom, “Licença, as bebidas”.
Marco agarrou seu copo.

- Vamos brindar ao amor, meu querido amigo! – ergueu seu copo. - E às mulheres de nossas vidas. À minha Berenice! E à sua...?
- Peraí, Marco! – protestou Roberto com seu copo erguido. - Isso é alguma brincadeira? – perguntou sem esconder a irritação.
- O que, rapaz?! ‘Cê não tem a quem brindar? Desculpe a minha insensibilidade. É que o amor me deixa assim... Sentimental demais. E só quero falar nela: “Ruth isso; Ruth aquilo; Ruth-não-sei-oquê!”

Roberto olhava para Marco, completamente abobalhado.
Ficou por um tempo observando o amigo para ver se em algum momento cairia na risada e faria algum gracejo indicando a grande piada.
A risada veio. Para o bem da verdade, foi uma boa e ressonante gargalhada.

- O amigo me perdoe, mas ‘cabei de lembrar de uma situação muito engraçada com minha amada! Estávamos, Maria Sofia e eu, passeando pelo parque, quando.

Mas Roberto não prestava mais atenção. Viu que dali não viria nenhuma pilhéria. E percebeu que, ao citar o nome de cada mulher, os olhos de Marco brilhavam. Depois se censurou por querer encontrar lógica naquele insólito diálogo. E pensou: “Brilham também, os olhos dos bêbados e dos loucos!”
E foi tirado do seu devaneio com a gargalhada – ainda mais alta – de Marco.

- Não foi engraçado? – perguntou naquele tom dos que esperam uma resposta positiva.
- Sim, sim... – respondeu e ensaiou um meio-sorriso.
- O amor... Ai, ai, o amor...

E lá estava ele com o tal brilho no olhar.

- Verdade. – disse, sem nenhuma ideia do que concordava.
- Isso mesmo.

Roberto estava armando a deixa para encerrar aquele encontro, quando Marco engatou:

- Quando conhecer Adriana, vai entender porque só falo nela!

Não aguentando mais tanto absurdo, Roberto levantou-se e foi ao ponto:

- Marco, sinto muito, mas tenho compromisso. Preciso ir.
- Claro, claro! Eu também preciso ir, vou à joalheria. Comprarei uma aliança e amanhã mesmo, peço Letícia em casamento.

Roberto só esboçou um sorriso.

- Que bom. – foi o máximo que conseguiu dizer.
- Boníssimo! Bo-níssimo!

Marco de um forte abraço em Roberto.

- Sempre muito bom conversar com você!

Gritou ao garçom “coloca na conta” e saiu todo sorridente e sussurrando “ai, o amor!”
Roberto ficou ali parado vendo o amigo ir embora. Refletiu sobre toda a loucura que vivenciou há pouco...
Sorriu e disse para si: “Esse daí, ama demais!”

quarta-feira, 9 de maio de 2012

AH, O AMOR!

E, nada sabendo sobre o amor
Estendeu a mão para ela e disse:

- Vem comigo, vai dar tudo certo!

Ela foi.
Não durou três meses.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

DESABAFO DE UM TÍMIDO*

Sempre fui um tímido. Nunca consegui evitar isso.
Mas naquele dia... Não sei bem o que me aconteceu! Senti-me corajoso. E quase sem conseguir ordenar as palavras disse à Dorinha – o grande amor da minha vida desde os meus seis anos – o quanto gostava dela. Que a amava! Na verdade, desde sempre!
Ela ficou mascarada. Encheu-se de si à medida qu’eu mais e mais a exaltava.
Com o tempo, aproximei-me cada vez mais e fazia visitas regulares à sua casa... O golpe é que, como sempre fui uma boa pessoa, o pai dela e todos na casa, gostavam muito de mim. Até consegui permissão para levá-la ao cinema! E foi aí que começou a minha desgraça... Ao sairmos do cinema, topamos com um casal. Depois disso, quase que como efeito de prestidigitação, Dorinha foi ficando murcha e, por fim, quando chegamos a sua casa, confessou que amava o sujeito lá. Casado! Vê! Falou que, sendo ou não casado, era dele que gostava e que não queria me namorar. Então, disse-me “adeus”! E apesar da dor, compreendi e fui atrás de viver minha vida.
Dela, soube dia desses que Seu Osmany [um vizinho] a viu de braços dados e assim, assim com o Fulano.
Enfim. Minha vida seguia normalmente até que, há pouco, o pai da Dorinha chegou e, aos gritos de “engravidaste minha filha, patife”, deu-me um tiro na cabeça.
Morri.


*Texto inspirado em texto – sem título – de Nelson Rodrigues do Livro “Pouco Amor, Não É Amor”.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

TEMPO...

Mas o tempo (sempre ele!) não compreende a nossa necessidade
"preciso de mais um pouco de tempo"
e passa, passa, passa...
E quando a gente menos espera,
já foi.

sexta-feira, 9 de março de 2012

EU TE AM... #gasp-gasp#

- Prometi a mim mesmo que não digo mais “eu te amo!” pra mulher nenhuma.
- Mas... e se aparecer a mulher da sua vida?
- Ela vai ter que conviver com isso. Ou melhor, sem isso.
- E se aparecer aquela vontade incontrolável de falar isso pra ela?
- Seguro na boca, engasgo, e engulo.
- Não acha que isso é um pouco cruel?
- Ela se acostuma.
- ‘Tou falando qu’é cruel com você mesmo.
- Nada. Eu me acostumo.

sábado, 3 de março de 2012

VIDA DE CINEMA

CENA UM:
Bar lotado. Ele se aproxima d’Ela e oferece-lhe uma bebida. Ela aceita. Os dois bebem e riem bastante.
CENA DOIS:
Ele está sobre ela. O lençol cobre seus corpos. Transam devagar. Ao fundo, vemos através da janela a chuva cair.
CENA TRÊS:
Ele e Ela, diante do padre, dizem “Sim, eu aceito!”.
CENA QUATRO:
Ele e Ela, diante do juiz, dizem “Sim, eu quero me separar!”.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O QUE DIZER?

Junto com o gozo, veio – meio desgovernado – um “Eu te amo!”. Até ele se surpreendeu por falar isso!
Silêncio.
Depois, ela começou a mover os lábios. Ainda não sabia ao certo o que ia responder.
Um barulho na fechadura. Passos. Os pais dela chegando.
Rápido tiveram que se vestir e fazer parecer que nada faziam.

Ela nunca se sentiu tão feliz por seus pais aparecerem!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O ENDEREÇO DOS SONHOS

Finalmente o avião aterrissa! Foi uma viagem longa e cansativa.
No aeroporto pego um táxi.
Encosto a cabeça no apoio do banco, digo o endereço ao taxista e perco-me em meus pensamentos... Penso nela, em nossos dias felizes – e nos tristes também –, em todas as promessas que fizemos um ao outro. Em tudo o que a gente poderia ter sido, mas não deu. Ela não quis ou eu não quis.
Olho pela janela do carro e aquilo tudo me parece tão longe da realidade. Da minha realidade.
Vejo pedestres, vendedores ambulantes, bichos, todos disputando um pedaço da calçada. Uma eterna briga por seu território.
Pergunto-me se eles são felizes...
E eu, sou feliz?
Sou tirado dos meus pensamentos quando o carro para. Então, percebo que estou em frente a casa dela. Dei o endereço errado ao taxista. Ele está olhando pra mim, diz quanto custou a corrida e estende a mão para receber o dinheiro.
Digo que me enganei. Que aquele não é meu endereço – nunca foi meu endereço! Talvez, em meus sonhos – e desta vez falo o correto.
Ele dá partida e o carro sai. Penso em olhar para trás, mas me contenho. Porém, antes do carro entrar na rua seguinte, olho para trás.
Nunca deixei de olhar para trás.